Flores precisam de água. Precisam de regadores, mas principalmente de água, que pode estar ou não em algum recipiente fabricado industrial ou artesanalmente. Pode vir do céu, por exemplo. Pode vir da boca, das mãos, do ventre. Pode mesmo? Sim. É melhor quando vem do céu. As flores gostam mesmo de ser banhadas por água da chuva. Você gosta? Adoro. Qualquer dia nos banhamos na varanda. Apanhamos o sereno da madrugada e a chuva da tarde. No domingo, acordamos tarde e, se estiver chovendo, despimos os jarros e deixamos a flor à mostra. Enchemos nossos reservatórios: você, sua flor. Eu, o regador. Combinado? Sim. Sério? Não vejo a hora. Está bem. Até lá, nos viramos de outras maneiras. De todas as maneiras. Nos viramos e nos reviramos. Nos banhamos um no outro. Um no outro. Gosto de pensar nisso. Eu mais que você. Pode ser. Mas também pode não ser. Pode. Sim, pode. Sempre pode. Espero que você entenda uma coisa: a partir de agora, tudo é possível. Tudo. Mesmo? Mesmo.
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)