Uma história que fosse contra o mar, a metáfora, o mar, a materialidade, o mar, a presença forte que se desfaz, o mar, essa massa contra a qual a cidade cresceu, à revelia do qual se expandiu e à qual hoje se volta, numa retomada histórica, espécie de reencontro com o que de início pareceu errado ou apenas desimportante, o mar todo cheio desses clichês marítimos, uma fronteira na qual a gente se dissolve ou procura contato com essa fluidez quase uterina da qual somos expulsos e para a qual voltamos sempre que damos com a cara na parede, o mar como quintessência de uma beleza natural sem par em qualquer outro tipo de geografia, o mar inigualável em sua majestosa indiferença e toda essa bobajada que vem à cabeça quando a gente se põe de frente e para e procura responder a cada uma dessas perguntas sem resposta que perseguem desde que o mundo é mundo. Nunca tinha precisado tanto do mar como agora, uma presença que é ausência e vice-versa, nunca havia escapado ao mar como neste dia,
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)