Foi só depois da terceira festa no já distante 31 de dezembro de 2016 que me convenci de que havia algo ali que não apenas o frisson habitual em torno de um hit de fim de ano. Pela milésima vez, ouvia a voz esganiçada da dupla mato-grossense Maiara e Maraísa esgrimindo versos indecorosos como "E na hora em que eu te beijei/ Foi melhor do que eu imaginei", da canção "Medo bobo", ou os da prematuramente clássica "10%", cuja letra narra em tom realista a derrocada física e psicológica de uma mulher apaixonada: "Tô escorada na mesa/ Confesso que eu quase caí da cadeira/ E esse garçom não me ajuda, já trouxe a 20ª saideira". Uma mulher. Bêbada. Apelando ao esteio de uma mesa de bar a fim de evitar a queda definitiva. Amparando-se na cumplicidade do garçom, esse personagem que habita o imaginário etílico masculino, de modo a não degringolar de vez ("Garçom, troca o DVD/ Que essa moda me faz sofrer/ E o coração não 'guenta"). Houve um te
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)