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Mostrando postagens de março 14, 2013

Março, quase abril

Amigos discutem na rua vazia. Falam sobre a possibilidade de um dia constituírem família, como seria a vida de cada um, a quem sairiam os filhos, mais ao pai ou à mãe, que tipo de educação teriam, e logo fica claro que a série de perguntas passando em rodízio como bolinhas de peixe servem ao propósito explícito de animar uma conversa de bar. Na prática, porém, resultam desimportantes. Ou eu as julguei desimportantes, dá no mesmo. Estava longe o tempo inteiro, dormindo em algum ponto entre a cama e o corredor, andando de lá pra cá, batucando os nós dos dedos no ferrolho da porta, checando a que intervalos os televisores ligados nos apartamentos vizinhos emitiam rajadas de luz, acendendo cigarros, investigando cada centímetro quadrado do rosto que surge quando de repente a tela do computador nos devolve uma superfície escura. E o que vemos quando a tela escurece? É um rosto alegre ou triste, cansado ou enérgico, atento ou satisfeito? Na rua vazia uma árvore ainda guarda