É assim que me salvo, digo a mim mesmo. Assim que deixo pra trás, que recolho o que ainda há, que volto do mergulho e saio pela praia chutando pedra, que tenho os pés na areia quente mas continuo, assim que procuro dunas móveis, que identifico e misturo o corpo a uma geografia indistinta, assim que sento por horas à sombra e conto conchas e classifico cada uma segundo cor e ranhuras e características dos sons que carregam dentro de si, é desse modo tortuoso mas próprio que digo a mim mesmo que cada mergulho é diferente do anterior e que nenhum se repete, é assim que rezo e falo você logo estará pronto para outro, logo quererá novamente estar sob a linha da água como se prendesse a respiração antes de vir à tona, você vai querer queimar a pele novamente e correr até o mar, vai desejar o sorvete, que terá o mesmo sabor, vai andar pela calçada e olhar o trenzinho da alegria e vai rir e se imaginar dando uma volta ao som de funk porque nenhuma outra música faz sentido, você vai se conven
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)