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Mostrando postagens de agosto 8, 2014

Uma imagem

Já disse isso outras vezes, começou a palestra, eu dormia na poltrona porque tinha seis pessoas ainda pra falar e só depois é que começaria a parte divertida, com bebida e comida e uma música tocando em volume alto, eu esperava que sim. O auditório tava lotado, muita gente da pós e uns grupos barulhentos da graduação.   Já disse que a gente escreve pra tocar algum ponto, eu concordei mentalmente, e esse ponto ninguém diz qual é, continuei concordando. Até que fiquei ouvindo apenas, sem pensar nada, a voz dela como um carpete cobrindo o chão da sala. Escreve como mineração, escrever é principalmente uma atividade extrativista. Vejam que ninguém sabe onde está o mineral, então vamos cavando e martelando e quebrando, daí alguns pedaços de solo se desprendem mas ainda não é o que a gente procura, na verdade nem a gente mesmo tem certeza de como é de fato esse mineral que procura, exceto que precisa procurar e procura. Cava e cava, martela, martela, quebra, quebra, sop

Chamada a cobrar

Tinha essa cara engraçada de quem brigou com o tempo e depois nunca mais fizeram as pazes, o tempo rejeitado, ele encurralado. Essa cara engraçada não tinha tanta graça quando, lá pelo meio da noite, umas três horas, ele olhava e puta merda, batia esse desespero que bate de madrugada quando nada acontece e tudo até ali foi um borrão, então é melhor ir embora, e o taxista de cavanhaque abre a porta do carro e pergunta pra onde é, ele fica na dúvida, não sabe se liga pro celular, será que ele tá acordado naquela hora?, bom, vai em frente aí que digo já, sopra, o taxista acelera, acelera, o carro vai indo e indo, as luzes dos postes formam uma nebulosa fantástica, na esquina uma travesti mostra os peitos portentosos, o carro segue, vai em frente.  Já sabe onde é?, insiste o motorista, ainda não mas digo já, está bêbado mas não o suficiente pra não ter percebido o muxoxo do homem do cavanhaque, então ele respira fundo e tenta uma, duas, três vezes, quatro, cinco e seis vezes, s