Hoje é dia de feira de ciências, penso enquanto levas de meninos e meninas desfilam pela quadra da escola tentando equilibrar maquetes de papelão que reproduzem em versão diminuta a ideia de cidade que cultivam em casa. Retornam para a sala de aula depois de uma semana às voltas com a tarefa de reconstruir um microuniverso fabricado com recipientes de creme dental, latas, algumas vasilhas e outros materiais de uso comum no dia a dia. Nada deve ultrapassar o tamanho médio de uma bandeja, com 20 centímetros de largura por 40 cm de comprimento. Desafiadas a imaginar a vida numa métrica infinitamente menor, refazem os pontos cardeais de um itinerário afetivo e esboçam os limites de um cotidiano cujo horizonte ainda não aprenderam a enxergar por inteiro. Alguns signos se repetem. Em quase todas, por exemplo, há pelo menos uma farmácia, à exceção de uma mais caprichada e até realista, que tem duas, além de um McDonald's todo pintado de vermelho, em contraste com as paredes caiadas de br
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)