Outro dia foi um desses dias que minha prima falava tanto, um dia realmente estranho. Logo de manhã tocou uma música que não ouvia tinha bastante tempo. Duas semanas atrás encontrou casualmente na rua, quis desviar-se, mudar de calçada, subir no muro, enfiar-se na boca de lobo, emendar-se ao fio, arraia. Foi em frente, sempre em frente, como dizia Renato Russo, tão estúpido já naquela época. Era melhor que tivesse dobrado a esquina, conclui agora, inquilino remediado da casa do sem jeito. A distância entre dias estranhos, o intervalo entre eventos singulares, esse espaço cada vez menor. É apenas uma teoria, mas como dói – mau Drummond. Uma estranheza assim, habitual, mercantil, empacotada a vácuo. Levada adiante, adiada, encarada sob a sombra da árvore. Não há no mundo nada mais inofensivo que a sombra. Um medo distante e bobo, de repente foi o que sentiu. Medida, certa, prevista, mas estranheza, convenhamos, um nobre sentimento autêntico celebrado sem grande pompa