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Mostrando postagens de maio 30, 2011

Diário de campo em 3ª pessoa

Não havia tanto tempo, pensando bem não havia nenhum tempo, era o que costumava alegar se lhe pediam qualquer trabalho uma semana antes de findo o prazo de entrega, mas todos sabiam que se tratava de desculpa, uma entre tantas que ainda faria desfilar diante das cobranças já nervosas, já exasperantes para ambas as partes envolvidas naquilo, era sobretudo solicitado, pedido, cobrado, embora sempre recusasse acreditar que estivessem certos, era mais a falta de tempo, era o prazo curto, era a natureza do trabalho, eram principalmente a natureza e a ordem internas do trabalho, fosse ele qual fosse, viesse de onde viesse. Vejam aquele, observar durante horas o nascimento, o desenvolvimento, a reprodução e, finalmente, a morte rastejante de uma célula queratinosa disposta na ponta da antena de uma libélula e, sem descurar da habilidade narrativa e perspicácia científica, bem lembrado, produzir um completo relatório, atinando igualmente para as partes mais importantes do processo, a saber,