As fotos de crianças que substituem as dos adultos são um fenômeno de rede, cada usuário, assíduo ou não, adere à regra com bastante naturalidade, é uma onda, febre se considerarmos a rapidez e grau de participação das pessoas, afinal são tantos os perfis no Facecook e Twitter transformados em duto de comunicação direta com um passado glorioso, crianças loiras, morenas, gordinhas, magras, cabelos compridos, pernas tortas, o substrato do que somos hoje de repente se evidencia já nos primeiros anos de vida, o susto é inevitável, os meios como túneis do tempo, há quem peça mais que essa olhadela curiosa que todos estamos dispostos a conceder e concentre forças em aproveitar a oportunidade para fazer da alteração visual um jogo egocêntrico de perguntas e respostas, uma brincadeira de adivinhação cujo centro nervoso é a própria vida, não a minha ou a sua, mas a dele. Como fenômeno a onda das fotos de criança, que precede o Dia das Crianças e se justifica minimamente diante da curiosida
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)