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Mostrando postagens de outubro 10, 2012

As faces rosadas do Face (isto é uma piada)

As fotos de crianças que substituem as dos adultos são um fenômeno de rede, cada usuário, assíduo ou não, adere à regra com bastante naturalidade, é uma onda, febre se considerarmos a rapidez e grau de participação das pessoas, afinal são tantos os perfis no Facecook e Twitter transformados em duto de comunicação direta com um passado glorioso, crianças loiras, morenas, gordinhas, magras, cabelos compridos, pernas tortas, o substrato do que somos hoje de repente se evidencia já nos primeiros anos de vida, o susto é inevitável, os meios como túneis do tempo, há quem peça mais que essa olhadela curiosa que todos estamos dispostos a conceder e concentre forças em aproveitar a oportunidade para fazer da alteração visual um jogo egocêntrico de perguntas e respostas, uma brincadeira de adivinhação cujo centro nervoso é a própria vida, não a minha ou a sua, mas a dele. Como fenômeno a onda das fotos de criança, que precede o Dia das Crianças e se justifica minimamente diante da curiosida

Curiosity III

A natureza da sonda aproxima-a cada dia mais da natureza humana, entendendo que ambas constituem organismos diferentes, diferenciados segundo as leis da física e conforme os ritos sociais, e considerando que mesmo as formações distintas guardam íntima relação entre si, intrínsecas, as sondas, sobretudo as espaciais, mas também as de outra espécie, definem-se por curiosidade, atenção agudizada ao extremo, alta capacidade cognitiva, densidade analítica, processamento rápido de estímulos variados, frieza de cálculo, armadura ósseo-metálica adequada a suportar vasta pressão etc., trata-se, como visto aqui em outras ocasiões, de sujeito especial, cuja finalidade derradeira é nobre, sim, mas igualmente vã. Assim nos aproximamos enormemente das sondas, sobretudo das espaciais, que até o fim do ano terão se convertido irreversivelmente nas mais vaidosas entre todas as sondas, esperemos para ver, de qualquer maneira é uma felicidade que mesmo os mecanismos inanimados encontrem, numa terra

Salvem o condutor

Há descompasso, que é descompasso? É desentendimento nos quereres e poderes, assim, pluralizados, de modo que impera agora sentimento desgovernado, dito desta maneira soa até leviano, bobo, ridiculamente infantil, mas o fato é que há sempre descompasso entre o querer nosso e o querer da realidade, sendo a última mais forte, incontornável e indiferente, só nos resta colocar a viola no saco e partir – partir ao meio, encerrando cada coisa em seu lugar, ou partir, encaminhando-se diligentemente à porta de saída, se bem me entendem há maneiras e maneiras de cotejar o desejo, confrontar a parede, nenhuma delas exige menos que a dor, nenhuma concede salvo-conduto, nenhuma abre mão de uma boa briga, a todos o meu muito boa sorte.