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Mostrando postagens de novembro 19, 2019

Conversa com o Papai Noel

Quando acordei, o velho já estava na cozinha da pousada tomando café. Vestia uma bata branca que lhe dava um ar de quem exerce a função oracular do aconselhamento amoroso. Calçava sandália de couro e usava um colar metálico com uma estrela de cinco pontas. Tinha os cabelos muito brancos caindo em cachos, enrolando-se mais ainda nas pontas, e uma barba igualmente alva, tão alva quanto enchimento de travesseiro e clara de ovo. Era gordo, mas talvez menos do que a sua profissão recomenda. Trocamos bom-dia e nos sentamos. O velho então perguntou se eu era músico. Disse que tinha me ouvido cantar na noite anterior. Eu falei que ele tinha se enganado, mas, na verdade, eu não lembrava de muita coisa, apenas que tinha bebido um pouco e depois caído na cama. Fiquei calado. Presumi que fosse um viajante do tempo, um jogador de cartas, um místico que atravessava os sertões como o beato José Lourenço fizera muito tempo atrás. Não era nada disso. Era um Papai Noel de shopping. Chegara no