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Mostrando postagens de junho 5, 2013

Sobre a nudez

Depois do falso salmão, polêmica que ainda não tive tempo de entender direito, do veganismo infantil, resultado da exposição frenética de um vídeo no Youtube mostrando uma criança que se pergunta se é realmente necessário matar, vem aí o nu orgânico, forma de arte-vida-performance que se apresenta como resposta para as muitas angústias do homem e da mulher modernos, resposta essa que também não tive condições objetivamente materiais de compreender. Reparem que o nu orgânico é a contraparte de um nu presumivelmente inorgânico, ou seja, nudez composta de matéria nem vegetal nem animal, onde se conclui que mineral, ou, finalmente, que se enquadra na categoria do inanimado, no que ficamos a ver navios, como pode haver nu orgânico se não há propriamente nu inorgânico? Seria o nu plasmático? O nu espectral, fantasmagórico, ou a expressão diz respeito somente à inexistência de substâncias naturais no emprego desse nu? Ora, por mais silicone que uma mulher abrigue em si, ela ai

Sobre a digestão

A digestão é uma atividade inevitavelmente lenta, quer se goste dela ou não, cada pedaço daquilo que botamos pra dentro via oral e que se destina ao preenchimento da cota de proteínas necessárias à continuidade da vida se reveste, portanto, dessa qualidade morosa. Comer dá trabalho, digerir dá mais ainda. Comer é um ato gostoso, mas mecânico, amplo, democrático em certo sentido, apaixonado, charmoso, pessoas comendo em torno da mesa, quanta felicidade, pessoas felizes se alimentando, a mastigação a pleno vapor, mandíbulas orgulhosas triturando os sólidos e se abrindo vulgarmente para os líquidos, dentes brancos agora levemente salpicados dos restinhos, um feijão, uma folha, frutas, fiapo de carne. Comer é parque aberto à visitação, obra pública, gesto simbólico, digestão é pessoal, é cada um por si, comer diz respeito à imagem que fazemos de nós mesmos, digerir é o que somos de fato. E o que somos de fato leva tempo para se definir, ou seja, não se define, ou se