E eu ainda tão castigado pensando agorinha que o tempo corre depressa. Queria até que fosse um desses lugares comuns para os quais a gente torce o nariz esperando que nada aconteça. Mas não é. É depressa mesmo. Piscamos, e passou. No dia a dia comprovamos essa celeridade. Uma certa ligeireza na andança. Uma vontade desecudada de que o velho se torne mais velho ainda. Quando vimos, já foi, não há volta. De repente alguém dá a notícia de que viu o tempo dobrando sem um aceno sequer, o tempo embarcando no ônibus, entrando no mar, saindo da piscina e enxugando o corpo com uma toalha branca e depois se dirigindo ao carro. O tempo estacionando. Ou, feito Caetano, atravessando uma rua do Leblon. Como seria bom flagrar o tempo assim tão à vontade num livre acontecer, o tempo de chinela e bermuda despreocupado se desfaz ou reata, se mastiga ou cospe, se beija ou abraça. O tempo apenas sendo. Um tempo que não avisasse que fosse, tampouco fosse de fato. Mas vejam que daqui a
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)