Há um processo em curso, o da marvelização do mundo e das relações, que consiste em tomar cada mínimo aspecto da vida como se fosse um desses filmes em que homens vestem cueca por cima da calça para enfrentar vilões exuberantemente marcados pela maldade, cada um deles com características e predicados morais muito bem definidos. O paladino anticorrupção, o macho tecnicamente infalível, o militar mímico, o sumo-bondoso, o engomadinho, o calça-apertada e por aí vai, com capas e atributos para todos os gostos e bolsos. Da guerra à política, de Putin a Biden, de Bolsonaro a Lula, a régua rasa da marvelização abarca tudo, produzindo um efeito de proximidade enganosa que faz com que todo e qualquer usuário de rede social se sinta imediatamente um analista de qualquer assunto, alguém apto a tecer comentários sobre um embolado cenário internacional diante do qual especialistas de todos os cantos do globo se sentem encafifados, sem saber o que dizer. Mas não ele, o “Marvel boy”, um inveterad
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)