O Brasil se tornou um grande chá de revelação mal-sucedido em que os pais incendeiam o Pantanal se for menino ou despejam óleo cru nas praias se for menina. Para menino, reforma administrativa; para menina, cédula de 200 reais. Menino, desmonte da legislação ambiental; menina, Mário Frias encenando série criada por ele mesmo com transmissão compulsória na TV aberta. Menino, cloroquina administrada na rede de postos de saúde; menina, aglomeração sem máscara. Menino, volta às aulas sem teste; menina, barracas lotadas no fim de semana. A distopia política nacional ganhou ares de drama familiar. E nada mais apropriado do que a celebração na qual os progenitores chutam para escanteio qualquer limite quando se trata de anunciar o sexo do bebê, esse evento agora mais importante do que a concepção em si. Fazer a criança, vê-la nascer e depois crescer, avançar nos estudos, tornar-se gente e depois quem sabe até lhe dar um ou outro neto, caso lhe passe pela cabeça contribuir pela continuação d
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)