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Mostrando postagens de março 11, 2012

Gato de Schrödinger

Tinha essa caixa. Quando aberta, revelava outra igualzinha à primeira, exceto por uma listra amarela pintada à mão nervosa. Como se resultasse de gráfico desenhado por uma agulha de sismógrafo. Ou representasse assinatura de carta apaixonada prestes a encontrar destinatário. O que era também um pouco óbvio. O importante é que, à semelhança do engenho imaginado havia uma década, a caixa escondia um segredo. Não três ou dois, tampouco uma porção indistinta de pequenos animais recém-criados, mas um único segredo. Cativo, morno, relutante, que não se confundia com nenhum outro. Compreende-se perfeitamente agora a razão por que o mantinha aprisionado, mal alimentado, em espaço suficiente para nada. O dia a dia cumprido sob rígido procedimento. Pés descalços, maltrapilho, vendado. Não permitia que fosse até a esquina, e se porventura anoitecesse, o que ocorria a cada 72 horas, partia imediatamente à procura do molho de chaves, trancava portas, passava janelas ao ferrolho. Então podia l