Após intervalo de cinco anos desde o último livro publicado, a escritora italiana Elena Ferrante volta às prateleiras das livrarias. “A vida mentirosa dos adultos” (Intrínseca) chega apenas em setembro por aqui, mas já está disponível desde o mês passado aos assinantes do clube de leitura da editora, em tradução de Marcello Lino. No novo romance, uma adolescente chamada Giovanna se volta para a própria família à procura de desvendar-lhe os segredos, explorando os desvãos da língua, o italiano e sua forma dialetal, e também do sangue, representado pela tia Vittoria, a quem a protagonista é maldosamente comparada pelo pai. O ponto de partida é uma frase flaubertiana: “Dois anos antes de sair de casa, meu pai disse à minha mãe que eu era muito feia”, narra Giovanna, à época com 12 anos, filha do típico casal da elite intelectual. Eis o golpe, o mesmo aplicado por Emma a Berta em “Madame Bovary” – como se a linhagem perdesse força naquele elo, então condenado a repetir um passado que não c
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)