O amor tem seus mapas, suas metas, suas métricas, seus lugares e estâncias, seus pontos de partida e interditos, espaços de parada e de encontro à mercê dos quais se perde o fôlego e se recupera a vida. O amor tem vetos, vestes, maios e desmaios, sonhos e pesadelos habilmente tecidos por mãos de cujo futuro não conhecem sequer o palmo adiante dos próprios dedos. O amor tem uma geografia: praias, dunas, campo, caatinga e cerrado, o rural e o urbano amalgamados, o litorâneo e alpino, o salgado ou doce. O amor é tempo por vir, porvir, porventura, por causa e consequência, por fardo e fado, por tango e bolero, por certezas de muito e incertezas de nada. O amor tem uma gramática transmitida de boca a boca: palavras que se repetem, nomes, significados reiterados, vocábulos descobertos apenas em dois, um jeito próprio de falar e pronunciar, uma ênfase no dito mais que no sugerido, um abraço descrito em pormenores exaustivos e rememorado em prosa e verso, um cheiro que é ret
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)