Um argumento seria: jovens assumem provisoriamente o controle da fábrica da cidade. De pronto instalam-se no gabinete, no pátio, na casa de máquina, na administração, no vão de ferramentas, na sala de jogos e no lobby. Desejam não apenas transformar a fábrica, mas a vida das pessoas. Para tanto, elegem novos capatazes, sócios, gerentes, fiscais, operários e chefes de setores, além de estoquistas e controladores da qualidade dos novos artefatos que sairão das linhas de montagem, preservadas muito mais como ato de concessão a um passado que tinha lá as suas seduções do que como ferramenta produtiva. De posse das instalações da fábrica, antes um monstrengo cinza que poluía as ideias da cidade, infestando ruas e avenidas e recobrindo tudo com uma camada grossa e oleosa de má-vontade, agora os jovens se sentem no dever de proporcionar uma experiência diversa, sensível, um contato mais verdadeiro com o real, uma ponte concreta entre o passado de provincianismo e o boom
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)