Ri ao imaginar a equipe encarregada de tanger a duna de volta pro morro, algo como afastar a água do mar com um rodo ou impedir a passagem do vento com uma sacola. Um empreendimento de Sísifo, e, no entanto, é o que temos visto. Imagine-se o superior ordenando ao auxiliar: encaminhe-se agora mesmo à rodovia tal e varra de lá a areia da praia, de modo a liberar novamente a via construída à margem de uma duna, atravessando um parque, ocupando lugar que não devia, portanto totalmente inadequada. Quis ver poesia no fato de que a duna reocupasse o lugar que é seu, a natureza sempre retomando o controle, impondo-se ao construto e toda essa besteirada que escrevemos para compensar a impotência e disfarçar o fato de que, no frigir dos ovos, perdemos muito e sempre. Há, evidentemente, o ridículo da situação: interpelar a justiça e dela esperar autorização para, daí sim, passar o pano na rua recoberta de areia porque, afinal, é o que faz a areia: espalha-se. É como opera também uma duna móvel: m
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)