Ontem li novo bilhete, este mais elaborado, com data e cumprimento inicial aos moradores da comunidade, um preâmbulo no qual o autor oculto alerta para as condições de vida da população carcerária e depois segue com recomendações específicas: não abrir o comércio, não vender, não autorizar a venda, não despachar sequer um bombom, frisa. As missivas criminosas se sofisticaram. É coisa a se pesquisar. Antes eram “salves” rudimentares nos quais os erros de grafia eram visíveis e as ideias, ralas, não se concatenavam, como se por trás da ilicitude não houvesse nada senão o desejo de praticá-la, um ato destituído de significado e domínio. Agora é diferente, e cada ataque dos mais de 200 que se praticaram até aqui contra alvos públicos e privados são antecedidos por algum tipo de aviso e situados num contexto social no qual a crise do sistema carcerário desempenha papel fundamental. As cartas do crime viraram pequenos artigos. Como essa que li impressa e também no celular envia
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)