Aviões de guerra agora cortam o céu da cidade. Não fazem manobras, apenas seguem em linha reta, transportam pessoas cujo silêncio contrasta com o amontoado vertiginoso de nuvens brancas movimentando-se rumo a outras regiões do globo, então os aviões desconhecem o destino dessas pessoas, as nuvens desconhecem o destino dessas pessoas, talvez mesmo o operador de voos responsável por digitar no grande computador central as referências necessárias para que as aeronaves não se percam, talvez ele desconheça igualmente para onde se encaminham os engenhos e as nuvens formosas que, sem motor ou outro mecanismo de propulsão poluente ou ecológico, deslocam-se com velocidade, o dia inteiro, sem fazer pausas nem paradas, sem embarques ou desembarques, apenas um condomínio contínuo e monótono de nuvens alvas trasladando formas sem nome, um bloco compacto de gases em conformidade com sua natureza física, química e biológica, resignado ante a inevitabilidade do inevitável (a redundância é uma figura d
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)