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Mostrando postagens de junho 21, 2010

Revista Aerolândia (avulsos) II

Francis Santiago Adjetivo sofisticado, falsamente esponjoso e bastante usado nos mais diversos círculos do pensamento contemporâneo, da esquerda à direita, “fofo” e suas derivações representam o que há de mais líquido na modernidade. De significado impreciso, a palavra é empregada, por exemplo, para caracterizar o intelectual inorgânico, aquele cujo pensamento, em oposição ao definido por Gramsci, tem sabor menta e cheiro de maracujá, além de consistência de geléia de morango. “Fofo”, por largo uso, abarca um conjunto heterogêneo de fatos e fenômenos. Serve à taxonomia das gentes e lugares. Há um lócus fofo e pessoas fofas. Há também sentimentos fofos, cidades mais ou menos fofas etc. Um lugar bem fofo em Fortaleza: Passeio Público (ver feijoada aos sábados). Outro lugar fofo: Arlindo. Uma avenida fofa: 13 de Maio. Outra: Dom Luís. Mais uma, esta por oposição: Duque de Caxias (ver Disney Lanches). Um suco fofo: abacaxi com hortelã. Um cinema fofo: Dragão do Mar. Um lazer fofo: qualqu

Revista Aerolândia (avulsos)

Damião Daschemberg Três eventos aparentemente desconexos ocuparão o mesmo palco em Fortaleza em outubro próximo. Dois deles já podem ser conferidos agora, em apresentação solo, mas a fantástica conjunção do Seminário Preparatório ao Fórum Transnacional da Emancipação Humana, o Festival de Teatro Transcendental e a programação oficial do centenário do Theatro José de Alencar, uma mistura que promete transgredir as normas já cristalizadas da cultura e da política, só daqui a quatro meses. O espectador mais entusiasmado tem de se conformar e esperar outubro para investigar os limites da perspicácia cearense. O cenário dessa festa estrepitosa que celebra a energia cosmicamente superior produzida no lobo frontal não poderia ser outro. Após receber meio milhão de investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Gigantão da Zé Bastos deverá estar pronto a tempo de receber essa improvável sinergia cultural e metafísica. Nunca antes na história do Ceará militantes políticos engaja

Sobre molecagem e narizes arrebitados

Como está a vida? Muito boa. O corpo pede socorro. Tenho as duas mãos inutilizadas por causa de uma década inteira batucando teclados de computador. Descobri que o joelho direito não suporta mais um domingo no parque, subindo e descendo escadarias. As costas também dão sinal de cansaço. Trinta anos querem dizer isso mesmo? Escrevo porque preciso esticar os dedos. Do contrário, eles ficam encolhidos, e não servem sequer para trabalhar. Abaixo, algumas edições da revista Aerolândia, uma parceria que deu certo por oito semanas mas, nos últimos dias, vinha fazendo água. Como disse o outro: as pessoas se cansam. Reconheci. A revista era um brinquedo. Foi divertido vê-la nas mãos imaginárias de leitores esse tempo inteiro. Foi mais divertido ainda fazer troça com a cidade, sem, em qualquer instante, levar a sério nem a nós mesmos. Deus, como encarar com alguma gravidade uma coletânea de textos publicada na internet sob nomes como Deusimar de Deus, Deusdete e Ruilivínio? Ainda assim, muita ge