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Mostrando postagens de setembro 28, 2010

O menino da fila

Tem o coração suave, mas nem tanto, repetiu. A vida é boa. Costuma andar no parque da cidade mas apenas quando sente que se engordar mais um pouco perderá as namoradas conquistadas numa única noite, e, agora, o que não quer é perder qualquer pessoa, não quer perder nada, nem mesmo arriscar-se a ganhar, no que em alguma medida seria próximo de perder. Os hábitos não são hábitos, são surtos que se encerram tão logo se concentre em algo suficientemente interessante, pensou também, e tudo isso veio enquanto esperava o próximo da fila terminar de passar a conta telefônica no leitor óptico, aquela luz estriada que percorre os códigos de barras como se fosse as mãos e ele, uma espécie de adivinhador do futuro que jamais vem. Teme que a casa esteja fora de ordem quando voltar do trabalho, que os jarros das plantas hajam ressecado subitamente enquanto esteve fora, que a queda de energia inesperada no final da tarde possa ter danificado algum aparelho eletrônico que usa para espantar a falta de