O amigo escreve, melhor, manda uma mensagem de áudio que escuto à moda antiga, sem acelerar. Voz pastosa, quase 11 horas da manhã. São tempos ainda de trabalho doméstico, de maneira que os hábitos se acomodaram numa encruzilhada de público/privado na qual os códigos, e o sono entre eles, se confundem. O amigo diz nessa voz melosa que fará uma bateria de exames na semana seguinte. Melhor, que está fazendo, e cita então exames de sangue, de vista, de coração etc. Uma infinidade de cuidados que não sabia que os de minha idade, os chegados aos 40, careciam de tomar. Tento lembrar de quando meu pai tinha 40, se vivia assim, se já se precavia, mas não consigo. O pai sempre foi atlético, não serve de exemplo. Corria e lutava boxe. Conto que eu mesmo fiz algo do tipo outro dia. Não correr ou lutar, mas me submeter a uma série de exames também. Tudo aparentemente normal, a médica até elogiou a pressão, segundo ela numa cadência de normalidade. Depois explicou por quê. Os homens, ela me disse,
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)