Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro 13, 2009

A madrugada é dos crentes

Tem dias que a gente acorda no meio da noite sem motivo, sem desculpa vai e levanta, vai e desperta, vai e não quer apenas aliviar alguma dor, mas encará-la duramente porque na madrugada não há esconderijos, tudo se mostra, tudo é gravidade, e se no corredor ouvem-se passos e se no telhado ouvem-se gritos e na janela entrevêem-se vultos, há que os ouvir, tatear, mesmo sufocando calores da noite, mesmo desejando fortemente que as duas horas que ainda restam sumam feito pó soprado por ventania, porque, se a madrugada tem modos diversos de operar, se ela atravessa medos e agonias é minimamente razoável aceitar tudo que sobrevier. E enxergar o que está adiante, que é existir.

Microcertezas geradas a partir da sondagem fonética

É ela. Sei que é. Tem certeza disso? Absolutamente. Sendo assim, podemos seguir com as perguntas. A que horas tudo aconteceu? Umas sete, sete e meia. Entre sete e meia e oito, se me lembro bem. Posso anotar? Evidentemente. Como ela lhe pareceu? Bonita. Mas não só isso: era especialmente bonita. Continue. Cabelos presos, sorriso largo. Acho que tinha as mãos na cintura. Conversava com outra mulher. Era radiante. A outra mulher? Não, a cena. Ela, o sorriso, os cabelos presos. E você, como se apresentava? Como todos os dias. Vestido normalmente. Nada muito extraordinário. E o que sentiu? Um golpe forte no peito. Já havia sentido isso antes? Sim, mas não com aquela intensidade, que só aumentou quando ela sorriu. Vi que tinha percebido tudo. Tudo? Tudo. O flerte. Imagino. “Tudo” durou uns vinte e cinco segundos. Fiquei parado. Era uma estátua. Depois nos vimos novamente. Quer dizer, eu a vi. Repetição? Não. Ela tropeçou num desnível do piso. Não me viu. Eu estava do outro lado da sala, esc