Monetizar a autoimagem, fazer da exposição um ganha-pão, intercambiar essas demonstrações de si e disso obter talvez recurso, cobrando pelo acesso a quê? Não sei, cada um que escolha aquilo que terá de pôr à venda, já que é algo caro, o mais íntimo, o corpo, o trabalho, dicas de exercício em tempos de pandemia, o aconselhamento, não mais o site, o blog, mas o privado –as horas de sono e o sexo, o beijo e o gozo. Paga-se pelo que for, são tempos de necessidade e projeção em que esse capital migra do físico para o não-físico, se entendo bem o que se passa agora. Cada um é sua marca, sua empresa, sua mensagem anunciada pela qual é de supor que recebam algo em troca, num escambo contínuo e agora sem fronteiras. Esperava-se sempre que o capitalismo fosse longe, colonizando a Lua e Marte etc., levando a fábrica ao intergaláctico, mas já chegou bem distante, talvez o mais distante que se possa imaginar. Chegou dentro, fundo. Dispensável qualquer convencimento, hoje trabalha-se e monetiza-se
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)