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Mostrando postagens de novembro 25, 2022

Transição

  Nos jornais, a palavra se destaca: transição. Como se, por passe de mágica, se passasse de um estágio a outro, entre os quais um interregno, a tal transição, servisse de ponto de virada, a novidade desde o início assegurada como se por estatuto. Depois de lá, já não se é mais o que se era. Eis o milagre da transição, fazer crer que o novo se extrai do velho por obra do mero escoamento do tempo. Tudo bem, as pessoas estão lá, entretendo-se com os afazeres e se havendo com as dificuldades do mundo. Mas, antes mesmo que chegassem, ainda com o terreno vazio, já se chamava de transição a esse intervalo desabitado sobre o qual havia potência e expectativa, e mais nada. Supõe-se que seja assim sempre porque sempre foi assim. E, do mesmo modo como se espera que entre um ano e outro algo se processe, e se instaure uma transformação na qualidade da vida e das pessoas, de uma transição também se espera o mesmo. Ou seja, que seja por si o ingresso para esse outro mundo, um passe-livre para além