Que divertido é ver a cidade dividida entre o pavor e a revolução da camaradagem, entre as regionais II e IV, entre o Cocó e a Praia de Iracema, entre a sandália rasteira e a Crocs, entre o multiplex e o cineclubismo, entre a macaxeira e a batata frita, entre a mão vermelha e Brecht. P or muito tempo o vermelho foi símbolo do comunismo. Designava, genericamente, movimentos de esquerda. Agendinhas vendidas nos campi dos centros de humanidades eram vermelhas. Camisas estampando o rosto de Guevara eram vermelhas. Bottons de campanhas para a direção de centros acadêmicos eram vermelhos. As ideologias mudaram, a esquerda rachou, voltou a rachar, cada pequeno pedaço se dividiu em dois ou três, mas a cor do protesto sempre foi a mesma. Agora o vermelho é adotado também pelo PIB engajado. Com um sentido diverso, está na mão espalmada, estandarte do bloco cuja madrinha bem poderia ser a Regina Duarte da propaganda do Serra: eu tenho medo. A mensagem é falsamente direta: basta
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)