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Mostrando postagens de março 6, 2012

Marca da calça

Cabeça recostada à janela do ônibus. A posição de lótus na volta do shopping. De repente um rosto que saltava, decalcado. Coração meio tonto, sem catraca, portas giratórias, costumava sorrir, satisfeito. “Não sei dizer”, responderia se lhe perguntassem o que era tão engraçado. Como se pudesse amar cada rosto que passava, cada mecha de cabelo louro, claro, escuro. Cada estojo escolar, camisa esfiapada, perna de óculos, canto de boca, pulseira de relógio. Como era linda a etiqueta da calça, a marca de vacina, mesmo a carteirinha de estudante fulgurava, e não demoraria até imaginar-se casado, filhos etc., imagem que logo se desmanchava. Tão infantil, tão adulto, a marca dos 14 um jogo que terminava tocando musiquinha triste enquanto o herói afundava os pés na areia da praia após ter vencido todos os inimigos. Criança que se apaixonasse tanto, que chegasse ao exagero de amar? Ninguém conhecia no bairro. Uma vez por mês, normal, duas, tolerável, três, mandasse à rezadeira urgentemente