Ainda no café, folheio uns jornais, leio as resenhas, vasculho os rastros da trajetória de uma personagem que persigo há dias, sem sucesso. Falo com a mãe ao telefone. Ando preocupado com a sua saúde, eu lhe digo, e desligo. A mãe tão parecida comigo em tudo, nos seus erros os meus erros. Faço essas coisas que aprendi a fazer numa manhã de sábado. Uma vida de rituais, os hábitos desde há muito demarcados. Serei este, decidi, e até hoje é nesse que sou que tento encontrar algum sossego. Remexo a mochila, topo com esse bilhete e um recorte de notícia. É parte da coluna da Mãe Jussara, uma vidente que faz suas previsões pessoais no jornal local. A carta é muito dura. Mãe Jussara dirige-se a uma mulher, diz coisas que talvez a cliente – posso chamá-la assim? – não quisesse ouvir. Penso que a mística se arrisca demasiadamente, adotando uma crueza que não convém mesmo em jornalismo ou em literatura, terrenos nos quais a verdade se traveste sempre. E então me vem o pens
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)