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Mostrando postagens de maio 10, 2025

“Urikianas”

De memória, lembro do bar e o do rosto miúdo atrás dos olhos apertados, reluzentes, afogueados. Que ano era aquele? Tinha pressa, queria conversar, mas já estava de partida. Durante todo esse tempo, tive essa impressão de que era dessas pessoas que falavam enquanto se despediam, instaurando nesse movimento uma presença-ausência precocemente exibida. Parte de si ia embora, outra estava apenas de chegada, num desencontro de corpos e de tempos. A quem me perguntasse, dizia: estou esperando o livro que Urik escreve, tenho certeza de que guarda algo, de que é o portador de um segredo muito bem escrito, de que o que se lê é apenas ensaio, um jogo que se arma nessa vacância de espírito, exercícios de prazer. Então deu-se o sumiço. Soube que viajara, que estava longe, que exorbitara as fronteiras, que se desvanecera. Onde agora? Minas seria um paradeiro possível, no Rio fora visto entre árvores, em São Paulo uma fantasmagoria, esse perfil sem contorno que às vezes assumia mesmo em Fortaleza,...