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Mostrando postagens de agosto 21, 2014

Esquecimento

Imaginem algo nunca feito. Nunca feito não quer dizer nunca imaginado. Como artista, a especialidade de Eliasson é fazer essas coisas que outras pessoas imaginam mas, por alguma razão, não fazem nunca.   O que mais gosto no Eliasson é essa tentativa de capturar a vida num discurso grandiloquente que extrapola as escalas de objetos cotidianos, criando um efeito de vertigem e alucinação em plena luz do dia. Água, ar, fogo, luz, terra. Paisagens remontadas, a vida em suspenso, o elemento refratado, quebradiço, exposto, a natureza sujeitada a uma métrica humana, o simulacro do selvagem. Um sol mortiço aprisionado na sala, um córrego atravessa as paredes de um museu, uma escada serpenteia em direção a lugar nenhum, um feixe de luz se desmembra. O artifício recria a vida e a vida recria-se no artifício. O Eliasson é uma paisagem artificial. Mas um artificial diferente, a lembrar que a vida corre ali, ao lado, enquanto tentamos quantificá-la, empacotá-la e serv

Rio

Eu vi o rio e ele corria ao contrário. Ou simplesmente não corria, ficava parado, olhando pros lados, à procura sabe-se deus de quê, o certo é que procurava, e logo retomava a corrida, agora em movimentos espasmódicos, nada da fluidez e a qualidade caudalosa anteriores, o rio, esse rio que eu vi numa quarta-feira de janeiro há tanto tempo que começo a duvidar, corria para todos os lados e nenhum. Era um rio imaginário.