Casal testa limites do boato-arte, forma hipervalorizada de subversão da ordem Um conceito que merece estudo rápido, porém não apressado, visto que é categoria-chave, é o do boato, a fala que se perde entre mil e um atores, cujo início se desconhece e cujo fim nunca se vislumbra; a enunciação partilhada febrilmente e de teor ora assustador, ora concupiscente, segredada de orelha a orelha, boca a boca, como um dos arcanos de Fátima; password moderno que tem a propriedade de tornar o mensageiro, ainda que involuntário, e a audiência, ainda que inconsciente, membros venerandos dessa esquisita confraria de seres arregimentados mais com base no aleatório e no randômico do que no estatística e algoritmamente seguro. Essa confraria atende pelo nome óbvio de Boataria. O boato é a língua da modernidade, da pós, da pré e da vindoura, aquela que sequer se anunciou, a seiva bruta que alimenta os ramos mais distantes da árvore frondosa, os galhos incapazes de, por força própri
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)