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Mostrando postagens de abril 18, 2009

OSKAR ERRA O PASSO, MAS CAI DE MANSINHO

Eles se reencontram no salão de dança depois de muito tempo. Oskar arrisca dois passos, mas cai no chão. Ela ri. Devagar, escondido, nos cantos, mas ri. Oskar cai novamente apenas porque quer ver aquele riso estranhamento bonito banhar o salão bem iluminado. QUER VÊ-LO ESPATIFAR-SE CONTRA AS FAÍSCAS DE CHAMPANHE QUE AGORA SALPICAM DAS TAÇAS SEM GRAÇA. Quer vê-la alegre porque naquele instante alguém que ele sabe quem é olhou desconcertado para os lados e perguntou: VOCÊ AINDA TEM DE IR AO OCULISTA? Ela disse talvez. Mas hoje? Tem de ir? Talvez talvez. Tanto talvez pra mim. Cansado. Nunca pedi que esperasse por mim, Oskar. Nunca mesmo. Seus olhos pediram. E agora eles estão aqui, brilhando. Lembra que você errou a cor dos meus olhos naquele dia? Lembro. Isso não faz diferença. Claro que não. Faz, mas agora isso não importa. Claro que importa. Seus olhos sempre foram claros. Castanhos claros, certo? Eu vi nas fotos. Isso mesmo. E eu disse que eles eram pretos. Isso. E você não ficou zang

O cONtexto da agONnia

O que faz um homem invisível? Num fim de sábado, nos feriados, na semana que antecede às férias, o que faz um homem cuja sombra cobre o corpo inteiro, dos pés à cabeça, um homem que tem os poros dilatados, os cílios vendados e os ouvidos embotados, um homem que sequer pode dizer abertamente todos os dias que vai até a esquina fumar porque lá é mais livre? O que pode esse homem? O que não pode? Mais importante: por que não pode? Nada. Esse homem não pode nada. Ele é aturdido. Por algum motivo, ele é... A pessoa deprimida que D. F. Wallace desenhou em Breves entrevistas com homens hediondos. Ele é hediondo, um itinerário intrigante de pequenas agonias que se avolumam à medida que outras pessoas se aproximam ou se afastam, aproximam ou afastam, aproximam ou afastam sem perceber que deixaram para trás um rastro de odores sentidos do outro lado da galáxia. Não é medo, ódio, pavor. Não é nada. Apenas uma constante inadequação de pés e braços. Um incômodo subjacente, latente, fremente. Vem e