Eles se reencontram no salão de dança depois de muito tempo. Oskar arrisca dois passos, mas cai no chão. Ela ri. Devagar, escondido, nos cantos, mas ri. Oskar cai novamente apenas porque quer ver aquele riso estranhamento bonito banhar o salão bem iluminado.
QUER VÊ-LO ESPATIFAR-SE CONTRA AS FAÍSCAS DE CHAMPANHE QUE AGORA SALPICAM DAS TAÇAS SEM GRAÇA.
Quer vê-la alegre porque naquele instante alguém que ele sabe quem é olhou desconcertado para os lados e perguntou: VOCÊ AINDA TEM DE IR AO OCULISTA?
Ela disse talvez.
Mas hoje? Tem de ir?
Talvez talvez.
Tanto talvez pra mim. Cansado.
Nunca pedi que esperasse por mim, Oskar. Nunca mesmo.
Seus olhos pediram. E agora eles estão aqui, brilhando.
Lembra que você errou a cor dos meus olhos naquele dia?
Lembro. Isso não faz diferença.
Claro que não. Faz, mas agora isso não importa.
Claro que importa. Seus olhos sempre foram claros. Castanhos claros, certo? Eu vi nas fotos.
Isso mesmo.
E eu disse que eles eram pretos.
Isso.
E você não ficou zangada.
Isso.
Porque você gosta de mim?
Acho que vou embora. Faz frio.
Porque errar a cor dos olhos é algo totalmente ordinário?
Bom, é. Mas não gosto da palavra.
Ordinário?
Sim.
Por quê?
Olhos castanhos brilhando contra o vestido verde da dançarina mais próxima, ela foi embora uma segunda vez. Não tinha qualquer consulta, mas ainda assim foi. Oskar achou aquele reencontro uma coisa extraordinária. Do outro lado do salão, um homem apoiava-se no ombro de uma mulher. Pareciam embriagados.
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