Quão instagramável você é no seu dia a dia? A dúvida bateu a caminho da padaria. Notei que usava uma camisa fubá, de pouco aprumo estético, com a gola um tantinho foló, e calçava um par de Havaianas de 2015, quando deixei de lado as anteriores porque o cabresto tinha arrebentado. A bermuda não era do tipo cargo, mas uma lisa azul-marinho repleta de pelos do gato. Tampouco a padaria era instagramável, não havendo nela sequer uma parede com asas de anjo desenhada em cores berrantes diante da qual eu pudesse registrar o momento histórico em que, mal-vestido e mal-humorado às 8 horas da manhã, me punha a comprar seis pães (três carioquinhas e três massa-fina, o velho sovado) e uma caixa de leite sem lactose. Meditabundo diante dessas limitações do meu cotidiano tão rés do chão e sem qualquer direção de arte, passei no caixa para pagar. Um desses caixas comuns, com uma esteira metálica rolante na qual a mercadoria desliza preguiçosamente, e um funcionário igualmente comum que me
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)