Fui ali e não voltei. Fiquei na estrada, me perdi, parei pra amarrar os cadarços do tênis enquanto todos caminhavam. Agachei um pouco, a vista escureceu, não cheguei a desmaiar, mas foi o suficiente pra perder contato visual com o restante do grupo, que se distanciou sem que eu percebesse e no entanto ter sido deixado pra trás não me causou tanto espanto quanto deveria, a julgar por minhas próximas ações, a saber: Desamarrar os cadarços mentalmente, eleger o tronco de uma árvore perto como o mais bonito e intrincado tronco de árvore jamais visto, entender que não há mais nada para entender e, o instante reluzente de tudo isso, checar as horas apenas por gosto e não por pressão, exatamente como quem não espera algo que não virá, mas o que virá, e de maneira tranquila percorre as prateleiras do supermercado detendo-se de tempos em tempos numa embalagem bonita de achocolatado. Logo me pus novamente de pé, a coluna espichada, cabelo assanhado pelo vento. Fazia um dia bonito c
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)