Agora já serenou, mas apenas uma hora e meia atrás desci para fumar depois de ter desligado todos os aparelhos eletrônicos de casa e em seguida percorri o corredor devagar, com medo de escorregar e dar com a bunda no chão molhado. Eletros, TV, computador, videogame, que ficava emitindo uns bipes intermitentes que logo interpretei como um alerta mais brando para algo com que eu deveria me preocupar caso a situação se mantivesse naqueles patamares de risco. Achei melhor confiar nesse instinto previdente que raramente aciono mas cuja eficácia costumo respeitar sempre que ele faz essas aparições bissextas na minha vida. Chovia. E como chovia. Chovia muito, a ponto de eu me convencer de que ir até a bica da esquina, que jorrava numa cascata volumosa, formando um Niágara na calçada, seria uma boa ideia numa manhã de quinta-feira na qual eu provavelmente não teria outra coisa melhor pra fazer além de ouvir uma gravação de 25 minutos e escrever um artigo sobre a reforma da Previdência
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)