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Mostrando postagens de junho 12, 2013

Iracema desgraciosa

Ai, não cabem tantos desgostos no coração dessa indiazinha espevitada. Iracema varre extensões incríveis à procura de um pacote de miojo sabor manteiga da terra e um par de braços pra ajudar a armar a rede. Comida e dormida, é só no que pensa, mas eis que vem a perfídia e lasca o dia da morena.  Pior: espinho plantado novamente por um caucasiano sem apreço à nuance, originário duma cultura bárbara com sentido inverso, um amante malcheiroso que se passa por culto mas é apenas reflexo embaçado de uma imagem capturada em algum livro do Foucault. E Iracema não está preocupada apenas com poder ou foder. A índia é assim, têmpera de cera de carnaúba, derrete ao menor contato com o sol.  E entristecida percorre os quarteirões do bairro. Foi cruel e triste a verdade disparada a arco e flecha. Não há mocororó que faça perdoar. Fortaleza não vale a pena. Iracema suspira, chora e se enfia na mata. Dita assim, sem eufemismo, sem elogio anterior, a frase tem tudo para grudar feito