É errado supor que seja 2022. O ano, na verdade, ainda é 2020, que, por sua vez, é uma versão piorada de 2019. Logo, vivemos o looping do que achávamos que seria o fundo do poço, até que conheceríamos de fato esse fundo. Apenas para, no ano seguinte, entender que o poço não somente não tem fundo, como também se repete. Cenas se sucedendo sem cessar, a sensação de estarmos aprisionados naquela ilha de Lost, com um apresentador maluco girando a manivela e voltando o tempo a cada ciclo de 24 horas. Um dia da marmota em proporções planetárias. Isso soa pessimista? Eu explico. A pandemia acabou com o calendário gregoriano, com nossa ideia de tempo progressivo. O tempo, na verdade, está parado, não passa. Não digo que tenha estagnado de vez porque estou certo de que regredimos, o que só amplia a confusão mnemônica, esse abismo no qual chafurdamos sem saber se avançamos ou se andamos para trás, como um Marty McFly desorientado. O começo de 2021 se assemelha ao de 2022, ou seria o contrári
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)