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Mostrando postagens de outubro 13, 2019

Pois bem

Das expressões de fala corrente, dessas que usamos sem ver nem pra quê, feito uma peça de roupa mais querida de que nos servimos no dia a dia, uma das que mais gosto é “pois bem”, que empregarei sem aspas de agora em diante, como se tirasse a chinela antes de entrar na casa alheia.  Pois bem, explico por quê. É uma marca forte de oralidade, de história que se conta e cujo fio da meada não se perde nunca. Pois bem. Quem faz uso dela tem sempre em mente que o outro dispõe de pelo menos meia hora para ouvi-lo. Pois bem. Logo, está-se diante de interlocutor que acompanha tudo, detalhe por detalhe, e cada lance se lhe afigura como uma novela radiofônica, com os personagens se alternando e suas ações lentamente convergindo para um clímax que ainda não se sabe qual é, mas cujo véu vai se descobrindo a pouco e pouco. Pois bem. Quando se topa com isso, o ouvinte sabe que não é historinha ligeira, que se narre em dois minutos sem recorrer ao cacoete linguístico, que tem a função aí de pedir pa