Dificilmente temos planos pra
cada dia, a segunda e a terça, a quarta e a quinta. Planejamos o fim: sábado e
domingo. E esperamos que os demais dias da semana encontrem sua dinâmica, como
se dependessem mais da sorte. Entregamos a quinta ao jogo de azar. As segundas,
então, padecem do mal que é o receio de todo começo, de algo que se inicia
depois do clímax do fim de semana.
Os dias depois do que acabou são
sempre muito estéreis, é o que se costuma dizer a propósito desse intervalo de
72 horas que se estende da segunda até a quarta, quando se recobra algum ânimo
e a vida parece novamente possível. Na quinta, a felicidade finalmente empina
no horizonte. Na sexta somos alegres. No sábado, eufóricos. No domingo
lamentamos que tudo tenha sido tão rápido.
E assim voltamos a habitar uma circularidade do tempo e dos espaços. Como se marcássemos um assento na roda-gigante e o esperássamos passar sempre. Como se a felicidade dependesse de estarmos naquele lugar, naquele instante.
E assim voltamos a habitar uma circularidade do tempo e dos espaços. Como se marcássemos um assento na roda-gigante e o esperássamos passar sempre. Como se a felicidade dependesse de estarmos naquele lugar, naquele instante.
Nunca acreditei que o
contrário fosse possível, os dias de semana trocando papéis com os do fim de
semana, as horas de uns e outros misturadas como cartas de baralho, a sorte do
sábado lançada na terça e a de domingo prevista na quinta. E todo o giro como uma possibilidade concreta, real, plena.
Nunca pretendi que a
felicidade se prolongasse por mais horas do que as 24 de um dia festivo. Mas eis que o tempo altera regras e reconfigura prazos e datas. O tempo trabalha por lógica diferente, opera não com opostos ou justaposições. O tempo serve-se de uma matéria que não conhecemos muito bem.
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