Hoje descobri que ondas
passam, às vezes em duplas, quebrando ao mesmo tempo, dificultando o salto. Quando
pulamos, outra vem e nos apanha, e por segundos a sensação é de que o chão faltou
e temos certeza da morte. A morte é tatear e não encontrar.
Dura pouco tempo, uma fração
de segundo. Uma onda que se segue a outra, o corpo suspenso, flutuando, a visão
da areia, o sol. E então o susto. Afundamos.
O sentido de que uma onda passa não é tão
evidente assim. Parece, mas não é. Pra tudo na vida usamos a metáfora
desgastada do mar e da onda como algo que vem e vai, num movimento de
continuidade. Recorremos a isso pra falar de dificuldades, mas também de oportunidades. Uma grande massa de água salgada diante da qual os problemas se dissovem.
Mas essa noção de que as coisas se repetem é ilusória. Não há repetição, tampouco diluição. Há coisa melhor.
Mas essa noção de que as coisas se repetem é ilusória. Não há repetição, tampouco diluição. Há coisa melhor.
Quando saltamos, esperamos
sempre cair no mesmo lugar onde estávamos poucos segundos antes. Mas isso também
é errado. Se tirarmos os pés do chão, nada no mundo garante que nós os
colocaremos lá de novo. Mesmo quando saltamos parados. As pegadas que deixamos não voltam a ser ocupadas. Não se repete uma trilha.
É uma dessas máximas cuja validade colocamos à prova se escorregamos mar adentro e observamos duas ondas que quebram em sucessão, dois pontos de vértice, dois momentos de salto. Num instante, medo. Noutro, areia, flutuação.
É uma dessas máximas cuja validade colocamos à prova se escorregamos mar adentro e observamos duas ondas que quebram em sucessão, dois pontos de vértice, dois momentos de salto. Num instante, medo. Noutro, areia, flutuação.
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