Há quem veja em tudo isso, porém, nada além de divertimento para massas, e tudo que se passa na casa está apartado de uma esfera da vida real, a performance dos confinados não espelhando necessariamente o que acontece aqui fora, onde pessoas lidam com problemas do dia a dia.
Nessa hipótese, não cabe extrapolar condutas de participantes de um jogo televisionado pela maior emissora do país, bancado por patrocinadores e cujo objetivo principal é a conquista de um prêmio milionário, além de outros ganhos materiais de importância aproximada ou igual, como fama, contratos, papéis em produções audiovisuais.
Nesses termos, e considerando-se ainda a pressão do confinamento, o comportamento dos jogadores tem de ser relativizado, jamais tomado como indício ou parte de uma corrente mais ampla, sobre a qual jogariam luz.
O risco, alertam essas pessoas, é o de amplificar e distorcer esse campo, atribuindo à coletividade o que é do âmbito do indivíduo, e de um indivíduo situado num certo espaço e num certo tempo.
Faz sentido, mas continuo a acreditar que grande parte do que ocorre ali dentro reflete, sim, o que vemos do lado de cá, principalmente do lado de cá das redes sociais, um território por si só segregado do restante do mundo, do qual muitos jogadores estão igualmente desconectados.
E nisso o BBB 21 pode significar uma preciosa lição: ao explicitar a crueldade de certos discursos, ao evidenciar autoritarismos e dificuldades de encontrar pontos em comum entre pautas diferentes, talvez o programa esteja ajudando a enxergar seus defeitos, seus limites, suas incongruências mais que qualquer roda de conversa ou debate interno em partido político.
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