É como a lógica tripartite,
disse. E citou como exemplo o sexo.
Não entendi, mas fingi
surpresa rindo na hora errada. O que lhe causou algum aborrecimento, que
disfarçou arqueando as sobrancelhas de um modo tão bonito e engraçado.
É assim, pôs-se a explicar e
eu, a ouvir. Começa com lambidinhas e carícias breves em locais-chave do corpo
da mulher. Pescoço, orelha, mãos...
(Mãos...)
... pés, barriga,
mordiscadas, beliscões, arranhões e toda sorte de pequenos atritos e deslizes a
que duas pessoas se permitem quando querem se comer.
Daí até a lubrificação é um
pulo. Dependendo do casal, é claro, essa etapa pode levar menos tempo. Há casais
e casais: uns que ritualizam o sexo, preparam-no como a um jantar ou cerimônia
sacrificial, executada passo a passo com rigor aristotélico.
E há os casais que, varados
de fome, mas menos presos a planos, agarram-se ao que podem e está ao alcance,
metendo-se uns nos outros com essa gula de quem não espera a comida esfriar em
cima da mesa nem fica se perguntando o que diabos está servido ali.
Simplesmente vão em frente, ora gozando, ora machucando-se.
Simplesmente vão em frente, ora gozando, ora machucando-se.