
Sem mais que fazer, leio um texto publicado este mês na REVISTA. Trata-se do discurso de paraninfo do escritor-enforcado David Foster Wallace. Antes de se enforcar, obviamente. Vou ler. Qualquer coisa, comento.
Vejam que ótimo:
Lembrem o velho clichê: “A mente é um excelente servo, mas um senhorio terrível.” Como tantos clichês, também esse soa inconvincente e sem graça. Mas ele expressa uma grande e terrível verdade. Não é coincidência que adultos que se suicidam com armas de fogo quase sempre o façam com um tiro na cabeça. Só que, no fundo, a maioria desses suicidas já estava morta muito antes de apertar o gatilho.
Tem mais:
Na trincheira do dia-a-dia, não há lugar para o ateísmo. Não existe algo como “não venerar”. Todo mundo venera. A única opção que temos é decidir o que venerar.
Por fim (não pensem nisto como um fim propriamente, mas como um intervalo entre as novelas das seis e das sete):
Pensem de tudo isso o que quiserem. Mas não descartem o que ouviram como um sermão cheio de certezas. Nada disso envolve moralidade, religião ou dogma. Nem questões grandiosas sobre a vida depois da morte. A verdade com V maiúsculo diz respeito à vida antes da morte. Diz respeito a chegar aos 30 anos, ou talvez aos 50, sem querer dar um tiro na própria cabeça. Diz respeito à consciência – consciência de que o real e o essencial estão escondidos na obviedade ao nosso redor – daquilo que devemos lembrar, repetindo sempre: “Isto é água, isto é água.”
Bom, isso tudo me faz sentir como se tivesse olhado UM BAÚ SEM COMEÇO NEM FIM por três dias seguidos . Claro que exagero, claro que exagero.
A propósito: próximo escrito trata de coisas que mexem com a gente. Professoras de inglês e espetáculos de teatro que nos tiram o sossego. Bem-entendido: que nos cozinham os nervos.
PSPSSJJEFERK: minha paleta de cores secundária não está nos seus melhores dias. Ainda que levemente infantil, esse texto merece algum tempo de reflexão. Algum tempo.
Sim, a água. Digam o que quiserem, às vezes é melhor nem vê-la. Quer dizer: o contrário é absolutamente necessário. Mas, repito, às vezes é melhor esquecer que peixes transitam na água e homens na terra.
NA LOCADORA –
“E aí, gostando de ‘Lost’?”
“Sim. Quero terminar logo a segunda e engatar na terceira temporada”.
“É assim mesmo. Depois que começa, a gente não consegue mais parar”.
“Verdade”.
“Eu mesmo cheguei a receber carta de advertência na empresa em que trabalhava porque não conseguia chegar no horário”.
“Foi mesmo?”
“Sim. Ficava em casa até altas horas da madrugada vendo ‘Lost’ e acordava tarde”.
“Que coisa...”
“Pois é...”
“Já viu a última?”
“Eu saltei algumas coisas. Vi aos pedaços”.
“Aos pedaços. Fine”.
“That’s ok”.
“Bye”.
“Valeu”.
Vejam que ótimo:
Lembrem o velho clichê: “A mente é um excelente servo, mas um senhorio terrível.” Como tantos clichês, também esse soa inconvincente e sem graça. Mas ele expressa uma grande e terrível verdade. Não é coincidência que adultos que se suicidam com armas de fogo quase sempre o façam com um tiro na cabeça. Só que, no fundo, a maioria desses suicidas já estava morta muito antes de apertar o gatilho.
Tem mais:
Na trincheira do dia-a-dia, não há lugar para o ateísmo. Não existe algo como “não venerar”. Todo mundo venera. A única opção que temos é decidir o que venerar.
Por fim (não pensem nisto como um fim propriamente, mas como um intervalo entre as novelas das seis e das sete):
Pensem de tudo isso o que quiserem. Mas não descartem o que ouviram como um sermão cheio de certezas. Nada disso envolve moralidade, religião ou dogma. Nem questões grandiosas sobre a vida depois da morte. A verdade com V maiúsculo diz respeito à vida antes da morte. Diz respeito a chegar aos 30 anos, ou talvez aos 50, sem querer dar um tiro na própria cabeça. Diz respeito à consciência – consciência de que o real e o essencial estão escondidos na obviedade ao nosso redor – daquilo que devemos lembrar, repetindo sempre: “Isto é água, isto é água.”
Bom, isso tudo me faz sentir como se tivesse olhado UM BAÚ SEM COMEÇO NEM FIM por três dias seguidos . Claro que exagero, claro que exagero.
A propósito: próximo escrito trata de coisas que mexem com a gente. Professoras de inglês e espetáculos de teatro que nos tiram o sossego. Bem-entendido: que nos cozinham os nervos.
PSPSSJJEFERK: minha paleta de cores secundária não está nos seus melhores dias. Ainda que levemente infantil, esse texto merece algum tempo de reflexão. Algum tempo.
Sim, a água. Digam o que quiserem, às vezes é melhor nem vê-la. Quer dizer: o contrário é absolutamente necessário. Mas, repito, às vezes é melhor esquecer que peixes transitam na água e homens na terra.
NA LOCADORA –
“E aí, gostando de ‘Lost’?”
“Sim. Quero terminar logo a segunda e engatar na terceira temporada”.
“É assim mesmo. Depois que começa, a gente não consegue mais parar”.
“Verdade”.
“Eu mesmo cheguei a receber carta de advertência na empresa em que trabalhava porque não conseguia chegar no horário”.
“Foi mesmo?”
“Sim. Ficava em casa até altas horas da madrugada vendo ‘Lost’ e acordava tarde”.
“Que coisa...”
“Pois é...”
“Já viu a última?”
“Eu saltei algumas coisas. Vi aos pedaços”.
“Aos pedaços. Fine”.
“That’s ok”.
“Bye”.
“Valeu”.
Comentários