Ao fim é como se apenas agora
entendesse.
Deixar o rastro, fixar o que escapa, fincar uma estaca no ponto e na hora exatos em que tudo acontece para
que depois olhe e veja exatamente o local de onde tudo partiu em direção a
outro lugar. Como um foguete lançado não espaço, mas para dentro da Terra.
Um marco de nascimento e morte,
mas do quê e de quem, eu não sei.
Ensaiamos sempre pensamentos
graves que elevam a dramaticidade de atos banais. Digo cavar, e
imediatamente penso em morte ou coisas assim. Uma bobagem. Digo vida, e o mesmo sucede, rolhas de champanhe, festas e viagens para muito longe.
Importante é reter este
instante. O momento. Este de agora. O de hoje, ontem, antes de ontem e muitos
dias atrás.
Tê-lo nas mãos ainda por
alguns segundos. E então continuar.
Ontem por algum tempo estive lá
fora encostado na mureta. Lembrei de tudo. É tanto. Um tumulto de memórias e meses e anos que vêm aos galopes.
Cruzo a esquina na volta pra casa. Um homem se agacha no escuro e pede um cigarro enquanto outro cata guimbas no afaslto. Dormem sob a marquise de uma loja fechada numa rua estreita onde um ferro-velho digere os detritos do dia.
E antes mesmo que este dia termine um homem me pede um cigarro.
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