É triste mas não tanto o modo
como fui lentamente deixando de lado este blog, que, descontados os hiatos
causados pelo que se chama de “motivo de força maior”, já tem 13 anos.
Ou seja, pouco mais de uma
década registrando cada bobagem que lia ou fazia. Quando comecei, tinha 24 e
estava no primeiro casamento. Havia largado a faculdade de Letras no 7º período
e começado a estudar jornalismo.
Agora tenho 38 e vivo o
segundo casamento. Tenho uma filha, que colore e avaranda os dias. Voltei a estudar
literatura.
Todavia, penso nesse estirão de
tempo. Treze anos. Meu deus. Eu era outra pessoa. Quando falo que era outra
pessoa, estou dizendo que era literalmente outra pessoa. Fisicamente o mesmo,
mas um outro sujeito.
Meu primeiro escrito aqui data de algum mês de 2005.
Bom, isso não é pra ser nada
como a história de David Copperfield: eu nasci, eu cresci (um abraço, Holden!). É mais como um
espanto: puxa, esse tempo passou.
A vida é alguém apressado apertando
seguidamente o botão do elevador, que está parado em algum lugar entre o quinto
e o sétimo andares.
Desde que comecei a escrever,
fui do encanto ao desencanto e de novo ao encanto.
Hoje, por exemplo, estive muito
tempo às voltas com uma história que preciso contar, mas para a qual ainda não
encontrei nem tom certo nem o tempo correto.
Não sei por onde começar,
tampouco se conseguiria terminar. Sei que preciso, e só.
De modo geral, a gente sabe quase
intuitivamente como fazer certas coisas. Quando isso não acontece, descobrimos
na prática, escrevendo a história e vivendo a história ao mesmo tempo.
A história que tenho de contar
avança no tempo. É sobre a velhice. Um homem muito antigo que tem de lidar com o
próprio fato de que é o acúmulo vivo de erros e acertos.
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