Um pouco mais atrás, na quarta
passada, escrevi Masculinos, uma crônica sobre o mundo do menino, que se
preserva sob muitos aspectos no mundo do homem. Na verdade, agrava-se,
deteriora-se, intoxica-se. Antes disso, já havia tratado do assunto num texto publicado no início do ano.
Falei de violência, opressão,
erotismo, medo e força, predação e afetos contaminados.
Usei meu exemplo para dizer que
cedo um caráter se forma nessas brigas e disfarces da meninice e juventude,
coisas que vamos tolerando e tornando banal mas que terminam por cobrar um
preço ao cabo de alguns anos.
Pagamos sempre, homem ou mulher.
Em breve disponibilizo uma
bibliografia básica que venho consultando sobre masculinidades. Leituras que
vão da psicanálise à literatura, da antropologia à ciência política, trechos e
reflexões esparsas que ajudam.
Ajudam a quê?
Ajudam a quem quer que esteja
interessado em reconsiderar modos e ideias de homem.
É coisa que se faça por uma vida inteira,
aviso logo. Nada como coaching ou esses cursos em que sentamos todos e
aprendemos a soltar o choro com um palestrante a dizer verdades sobre
paternidade.
Homem pode chorar, como eu choro, e cometer barbaridades. Essa, aliás, uma das coisas sobre as quais talvez escreva logo. O choro é enganoso.
Acreditamos sempre que o mais
sensível ao choro é também mais humano e entende facilmente os impasses da
alma, as agonias do espírito e essas coisas, colocando-se no lugar do outro com
uma naturalidade que os demais não possuem.
Isso é verdade apenas em parte.
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